Para que o seu próprio eu seja verdadeiro
Nunca vou esquecer do dia em que uma amiga me procurou, desconsolada, depois que fez seu mapa astral. Depois da consulta com a astróloga, ela ficou tão nervosa que estilhaçou em mil pedacinhos a tela do smartphone novo que tinha acabado de comprar. Você deve imaginar o que aconteceu nessa consulta.
A astróloga disse que a vida dela estava destinada ao fracasso, à doença e ao sofrimento – estava escrito nas estrelas. Fiquei muito indignada. Não com a minha amiga, claro, mas com essa astróloga. Já existe um estigma social grande sobre artes intuitivas e a mulher ainda dá uma consulta dessas, sem qualidade ou ética?
E quando falo em estigma social, vou exemplificar com a forma como tarot é retratado na cultura popular. Quem nunca viu um filme ou série em que uma cigana cheia de maquiagem com roupas espalhafatosas faz uma cara de espanto e terror ao virar as cartas da Morte, do Pendurado e do Diabo?
O estereótipo pode até ser engraçado para quem sabe como uma consulta de tarot funciona e que essas cartas, apesar do nome, podem ter significados muito positivos. Mas, para quem não sabe, a imagem que fica na mente é: “as cartas de tarot vão revelar alguma desgraça que não posso reverter, então prefiro não saber“. E isso gera desinformação, medo… e preconceito.
Tem que haver ética no tarot
Em uma consulta de tarot, além da estratégia de leitura e a formulação da pergunta, a postura do tarólogo é essencial. Assim como na vida real, cada momento da leitura tem uma interpretação possível. Nenhuma carta do tarot é negativa ou positiva e ponto final.
Mas, mais importante, predições extravagantes em qualquer arte intuitiva – seja tarot ou astrologia – podem ser incrivelmente destrutivas, além de faltarem com ética. No caso da minha amiga, custou um smartphone novinho. Podia ter custado, também, a vontade dela de viver sua vida proativamente (“já que estou destinada ao fracasso/sucesso, pra que continuar me esforçando?”). Tem algo mais esterilizante do que deixar que o “destino” atue por você?
Agora, analisando o caso dessa astróloga, seus conselhos careciam da integridade necessária para ajudar a cliente a lidar com a situação de uma maneira que poderia ter sido mais positiva. Mesmo obstáculos ou dificuldades que aparecem em uma leitura podem ser oportunidades de trilhar um caminho de crescimento pessoal e espiritual.
Essa jornada espiritual demanda atuação proativa. A vida é sua, e o destino não manda nela. Defendo sempre que você tem livre-arbítrio para construir o futuro que você quer – não se esqueça disso!